Quem cuida de quem cuida?
- Jornada Neurodiversa
- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Um grito de alerta para o desamparo das mães atípicas e a pergunta essencial: quem está olhando por elas?

Recentemente, meu filho precisou passar por um procedimento cirúrgico, e eu estive ao seu lado, acompanhando cada minuto. A cada etapa – antes, durante e após a cirurgia – meu marido, meus pais e minhas irmãs acompanhavam tudo por mensagens, sempre presentes.
Ao voltar para casa, meu marido havia cuidado das tarefas domésticas e meus pais estavam lá, nos aguardando, prontos para qualquer necessidade. Confesso que eu nem esperava por tanto. Chegaríamos tarde, e eu já havia avisado para não se preocuparem, que já tínhamos jantado e podiam ir dormir. Mas meu marido insistiu, e eles vieram, ficando conosco até quase a hora de ele retornar do trabalho.
Naquele momento, me senti muito grata e acolhida por ter essa rede de apoio tão presente. Entretanto, foi quase impossível não ser invadida por uma memória que sempre dói: nem sempre foi assim. Minha mente viajou de volta para os primeiros anos do meu filho. Período em que meu esposo trabalhava em duas escolas, o dia todo, e nós morávamos distantes da minha família, sem a proximidade física que hoje temos.
Naquela época, eu me dividia entre maternidade, mestrado e trabalho. Cuidar de mim? Era um luxo raro, quase impensável. Ir ao médico? Só em casos de urgência, quando o corpo já gritava.
E foi exatamente nesse contraste, entre o apoio que recebi agora e a lembrança daquele passado, que meu pensamento se expandiu para tantas e tantas mães atípicas, especificamente, que vivem essa realidade, por vezes devastadora. Mães que não contam com nenhuma rede de apoio – familiar, de amigos ou comunitária. Mães que não têm um único momento de autocuidado genuíno, ou sequer acesso ao apoio profissional de que tanto precisam para si e para seus filhos.
Elas, assim como eu no passado, enfrentam uma batalha diária, silenciosa e invisível para muitos. É nesse ponto que uma pergunta crucial, que tem ecoado cada vez mais, se torna um grito urgente: "Quem cuida de quem cuida?"
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Com afeto, Lu 💙🧩
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