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Você, mãe atípica, se permite ser ajudada?

  • Foto do escritor: Jornada Neurodiversa
    Jornada Neurodiversa
  • 22 de jul.
  • 3 min de leitura

Como um simples "Quer ajuda?" revelou uma barreira invisível que eu precisava derrubar.

Caixa de papelão
Caixa de papelão

No último post, eu compartilhei um cenário que se repetia quase que diariamente por aqui: a batalha para levar meu filho à escola. Hoje, quero revisitar um desses dias em particular, um que, à primeira vista, não parecia muito diferente dos outros, exceto por um detalhe. Naquele dia, cada aluno precisava levar uma caixa de papelão de tamanho médio para uma atividade – não me lembro exatamente qual, mas a lembrança da caixa permanece vívida.


Agora, imagine a cena: além da mochila, da lancheira, da pasta e do guarda-chuva, ainda tínhamos a tal caixa de papelão. Pensem na verdadeira saga que foi para chegar até a escola naquele dia!


Mas, algo inesperado aconteceu. A uns 30 metros do portão da escola, paramos, exaustos. Meu filho simplesmente não conseguia mais seguir em frente, e eu, naquele dia, não tinha como carregar tudo. Ele precisava andar. Foi então que uma mãe passou por nós, também a caminho da escola com seu filho. Vendo a cena, ela hesitou por um segundo e perguntou: "Quer ajuda?".


"Quer ajuda?"... Aquelas duas palavras ressoaram na minha mente por alguns segundos que se estenderam como minutos. Era como se fosse a primeira vez que as ouvia, especialmente de um estranho, ou talvez fossem tão inesperadas que meu cérebro demorou a processar a informação. Um mini curto-circuito.


Finalmente, após esse lapso, respondi com um certo constrangimento, na voz mais delicada e amigável que consegui: "Não precisa, obrigada". A frase saiu como se fosse algo absolutamente comum, algo que eu estivesse acostumada a gerenciar sozinha e que logo resolveria.


Sim, minha gente, eu recusei a ajuda! E passei o resto do dia, a noite, a semana e, sinceramente, até hoje me pergunto: por que raios eu não aceitei a ajuda num momento em que, claramente, eu precisava tanto?


A verdade é que eu estava tão imersa e habituada àquele percurso árduo e às constantes situações de crise que, de alguma forma, eu não achava – ou talvez não admitia – que pudesse precisar de qualquer apoio. E mais: talvez o medo de incomodar os outros, ou de parecer fraca, pesou mais do que a minha necessidade real.


Sem outra opção, larguei a caixa e a mochila ali na calçada. Peguei meu filho nos braços e o levei correndo para dentro da sala de aula. Só depois, já ofegante, voltei apressadamente para resgatar o que havia ficado para trás na rua.


E aqui mora a reflexão que quero compartilhar com vocês hoje. Quantas vezes nos acostumamos tanto com a nossa "saga" particular – seja na maternidade atípica ou não, nos desafios de uma jornada profissional intensa ou em qualquer área da vida – que nos tornamos cegos à necessidade de uma mão estendida? A pressão de ter que "dar conta de tudo", de ser a "super-mãe" ou a "super-profissional", pode nos paralisar no momento em que a ajuda aparece.


Dizer "não preciso, obrigada" naquele dia não foi sobre ter a situação sob controle. Foi sobre uma espécie de orgulho disfarçado de autossuficiência, ou talvez um medo inconsciente de mostrar vulnerabilidade. É como se a própria crise nos tornasse tão fechados que não conseguimos vislumbrar a possibilidade de um alívio, de uma pausa, de um simples compartilhamento do peso.


A atitude daquela mãe, no entanto, foi um farol. Ela não julgou; apenas ofereceu. E a lição que ficou é que a verdadeira força não está em carregar todos os fardos sozinho, mas em saber quando é hora de dividir o peso.


Então, pergunto a vocês: quando foi a última vez que o "quer ajuda?" bateu à sua porta? Você se permitiu aceitar? E, mais importante, você tem sido a pessoa a estender a mão, sabendo que um simples gesto pode fazer toda a diferença na jornada de alguém?


Que a minha "caixa de papelão" sirva de lembrete para todos nós: pedir e aceitar ajuda são atos de força e autocuidado, e oferecer ajuda é o primeiro passo para construir o mundo mais acolhedor e neurodiverso que tanto sonhamos.


Compartilha com a gente: qual foi o momento em que você mais precisou de ajuda e, ao aceitar (ou não), aprendeu uma grande lição?


Com afeto, Lu 💙🧩

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